"Recomeça...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade."

[Miguel Torga]

Aninhei-me.
Estive comigo
E não estive só.

Foram as imagens que hoje me visitaram.
Foram elas.

Posso pedir palavras?
Gestos?
Emoções?
Às vezes.

Quero pisar outra terra.
Quero ser de todos os lugares
Deixar sementes.

Quero ser tua.
Quero ser de toda a gente.

O medo não me dá medo.
Passa depressa.

E agora
Enquanto os meus dedos me revelam,
O ar passa apertado. E o peito pesa.

Mas vai passar depressa.

Obrigada a ti, palavra.
Que me soltas
Que me declaras
Que me confessas.

Foi um ano improvável. Com surpresas e mudanças.
Estou a fervilhar por dentro, em efervescência.

Desta passagem de ano ficam na memória o negro da noite, o som do fogo-de-artifício e o sal na pele.
Depois das doze campanadas os desejos refizeram-se e os sonhos que ainda não se realizaram, persistem.

Corremos, todos juntos, como crianças, para abraçar o mar. Este deu-nos as boas-vindas e com ele entranhado nos nossos corpos, contemplámos as luzes que rebentavam ao nosso redor.

As minhas primeiras horas de 2008 foram passadas com os sentidos bem apurados.
Senti a areia nos pés.
O cheiro da pólvora.
Os abraços e os sorrisos.

Feliz Ano Novo.