A minha cidade passou a ser cinzenta.
E é quanto mais se mostra, e como se mostra, que se apaga, que se esvanece.
As fachadas que eu tanto amo foram esquecidas pelos olhos dos que deixaram há muito de percorrer o caminho de encontro ao céu.
Vejo cores nela… Vejo o valor que já todos esqueceram mas que teimam em dizer conhecer.
Gosto dela nas coisas mais pequenas.
Na minha cidade eu escrevo porquês em todas as esquinas. Mas ninguém vê.
O que é novo engole o velho. O que era bonito é hoje um esqueleto do que foi.
São paredes gastas e vidros desfeitos.
Fica a faltar a luz.
O verde.
O espaço.
A flor.
O que eu gosto na minha cidade passou no tempo… como um quadro bonito, mas esquecido.
Hoje sigo com o abraço àquela que me viu nascer.
Faço-o com tristeza e persistência. Mas não desisto de gostar.
Um dia vais ser como eu te conheço todas as vezes que sonho contigo.
[Foto: Dias do Reis]