Dou por encerrada a odisseia das ânsias e dos tremelicos!
Este novo ano quer dar-me outras coisas e eu abro-lhe os braços.
Estou cheia de sonhos e quero continuar na mira deles mesmos
...sem temer retornos nem contornos!

Vou ter de me deixar levar pelos laivos da ternura
e pelas sombras das promessas...

Daquelas, que para já, restam por debaixo de árvores bem verdes e fugazes!

"Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça."

Eugénio de Andrade

Foi um instante.
Pela manhã e enquanto corria imersa em sentidos menores, ela surgiu branca e livre.

Uma borboleta que quase me tocou o nariz.
E foi por um triz!

Ali no Martim Moniz.

"Donde vem? De que sorriso
ou fonte
ou pedra aberta?
E é para ti que canta
ou, simplesmente,
para ninguém?

Que juventude
te morde ainda os lábios?
Que rumor de abelhas
te sobe pela garganta?
Não perguntes; escuta:
é para ti que canta."

Eugénio de Andrade

"Mais um dia em vão no jogo em que ninguém ganhou
Dá mais cartas, baixa a luz e vem esquecer o amor
És tu quem quer, sou eu quem não quer ver que tudo é tão maior aqui
Está frio demais para apostar em mim

Vê que a noite pode ser tão pouco como nós
Neste quarto o tempo é medo e o medo faz-nos sós
És tu quem quer mas eu só sei ver que o tempo já passou e eu fugi
Que aqui está frio demais para me sentir...
Mas queres ficar...

Tudo o que é meu é tudo o que eu não sei largar
Queres levar tudo o que é meu e tudo o que eu não sei largar...
Vem rasgar o escuro desta chuva que sujou
Vem que a água vai lavar o que me dói
Vem que nem o último a cair vai perder...

Tudo o que é meu é tudo o que eu não sei largar
Queres levar tudo o que é meu e tudo o que eu não sei largar...
Vem rasgar o escuro desta chuva que sujou
Vem que a água vai lavar o que me dói
Vem que nem o último a cair vai perder...
Não... Não vai perder... Não vai perder!"
~
Tiago Bettencourt & Mantha Blog


















Ao caminhar pelas ruas de uma cidade, devíamos resistir à tentação de levar o nosso olhar sempre na direcção do que mais nos convém.
Há que olhar para cima, para os prédios, para as suas janelas, varandas e terraços. Há tanto neles que nos surpreendemos a cada passo.
E é naqueles dias...
nos piores!
É justamente nesses dias que devemos fazer uso da distracção e elevar o olhar bem lá para cima, onde as coisas mais bonitas se escondem...
...onde colhemos da nossa imaginação momentos que nos ajudam a esquecer o que nos deixa de rosto vazio e sem nada para dar.


Devíamos colher flores todos os dias. Sorrir para elas e deixar que o mundo delas nos leve.

Devíamos nadar no mar todos os dias. Imaginar cardumes enquanto sentíamos aquele sal que nos hidrata a pele, o corpo e o sorriso que nasce assim que voltamos à superfície.

Podíamos, todos os dias, fazer a diferença, querer mais e redescobrir em nós pessoas felizes.

Sonhamos em ser crianças outra vez, não é?
Talvez seja porque corríamos sempre tão depressa sem nunca pensar em abrandar...

...de tão bem que sabia!


Sabe bem viajar no tempo
Fecharmos bem os olhos e sentimos o ruído e o clamor
A coragem e o medo

As palavras daqueles dias e os credos da vitória

Foi bálsamo neste dias de águas tão paradas.
~
Tapeçarias de Pastrana
'D. Afonso V e a Invenção da Glória'
MNAA até 12 Setembro

É um vazio com desânimo.
Com promessas e futuros.
porque o presente foi de férias...
e o passado lá ficou.

Os que agora conhece são ocos.
Serigrafias sem arte.

Quer criar e não consegue
Quer sonhar mas não persegue... o que um dia a motivou!

Vamos lá! Vamos em frente!
Que a fraqueza nunca curou
desalentos e angústias...

de quem sempre acreditou!

A inspiração fez-se pesada quando o gesto mudou.

A procura sem afinco doeu e a dedicação de outrora rolou numa
lágrima quente ao encontro de palavras de outros tempos.

A felicidade que hoje comove fica dentro de um peito incerto.

Mas é enquanto tudo lá fora se move... que aqui se redescobre uma arte perdida!

Sem
Pressas.

"O fim duma viagem é apenas o começo doutra.
É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já,
ver na Primavera o que se vira no Verão,
ver de dia o que se viu de noite,
com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde,
o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar,
a sombra que aqui não estava.
É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir,
e para traçar caminhos novos ao lado deles.
É preciso recomeçar a viagem sempre."

José Saramago - Viagem a Portugal
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Sentir o dia a vibrar por entre ondas de espuma e brisas de sal.
Onde
tudo é claro
tudo é luz
tudo é cor.

Anseio por imagens assim.
E ainda que as sinta, não as tenho.

Vou e venho numa viagem de sentidos iguais às de toda gente.
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