Quando os cheiros nos devolvem
pessoas
retratos
instantes.
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Como é difícil crescer em nós uma sensibilidade ímpar, capaz de colocar para trás das costas a ambição do ter.
É difícil lutar pela fuga do que é material para escolhermos o que realmente nos faz feliz.
Mas ainda há quem, na simplicidade do seu ser, o consiga!
A vontade de não ser o que se entende por melhor ao nosso redor, deixa de ser difícil quando conseguimos ver, claramente, o que realmente importa.
Dentro de um mundo cheio de nada, há quem nunca se desligue da genuinidade das coisas.

Fernando Pessoa, pintura de Júlio Pomar
Encontrei-me com Júlio Pomar na Câmara Clara numa daquelas vezes em que nada satisfaz.
Permaneci ali para ligar pontas soltas e para registar um rosto.

Como é grande a sabedoria das palavras de quem viveu da arte toda uma vida...
Pintando, ilustrando, escrevendo.

É nestes pedaços que a minha sensibilidade me cobra por um conhecimento que não tenho.
Mas a virtude está em não fecharmos portas.
Deixando entrar todos os dias o que nos falta!

E partir numa procura sem fim. Querendo tudo.