A minha cidade passou a ser cinzenta.
E é quanto mais se mostra, e como se mostra, que se apaga, que se esvanece.
As fachadas que eu tanto amo foram esquecidas pelos olhos dos que deixaram há muito de percorrer o caminho de encontro ao céu.
Vejo cores nela… Vejo o valor que já todos esqueceram mas que teimam em dizer conhecer.
Gosto dela nas coisas mais pequenas.
Na minha cidade eu escrevo porquês em todas as esquinas. Mas ninguém vê.
O que é novo engole o velho. O que era bonito é hoje um esqueleto do que foi.
São paredes gastas e vidros desfeitos.
Fica a faltar a luz.
O verde.
O espaço.
A flor.
O que eu gosto na minha cidade passou no tempo… como um quadro bonito, mas esquecido.
Hoje sigo com o abraço àquela que me viu nascer.
Faço-o com tristeza e persistência. Mas não desisto de gostar.
Um dia vais ser como eu te conheço todas as vezes que sonho contigo.
[Foto: Dias do Reis]

Estes dias têm sido vazios mas cheios de ecos de alguma coisa.
Sigo animada porque o contrário não me ajuda nem me mostra caminho algum.
O frio tem feito com que o tom da minha pele se altere e que a energia que o sol oferecia tenha diminuído mas, mesmo assim, ainda vejo outros canais, outros trilhos.
Aproveito para organizar as minhas coisas. Faço do que me rodeia um arquivo a consultar.
A música serve-me de companhia e as folhas de papel compactadas e completas de frases, parágrafos e pontos de exclamação também.

“I've always been up and down
Never wanted to hit the ground
(…)
Catch the sun, before it's gone
Here it comes, up in smoke and gone
Catch the sun, it never comes
Cry in the sand, lost in the fire”

Ganhei gosto em tecer, qual Penélope… mas eu prefiro o cachecol à colcha! [lol]
Também me tenho posto a par das burocracias do dia-a-dia daqueles que já não montam Legos nem vagueiam sentados com a palma da mão sob o queixo “atentos” ao conhecimento (?) que alguém lhes transmite.
O melhor de tudo é a cumplicidade que se vai ganhando e conquistando connosco próprios.
Serenos e sem pressas.
Porque a existência de cada um é um sopro, dois talvez.

Chema tiene una casita nueva... Un rincón de palabras!...

Estou sem graça.
Lenta nos gestos. Sem carvão e sem fogueira.
Mas a ferver nos compassos do corpo.
Queria continuar a minha viagem na roda gigante.
Essa que agora parou.
Mas que me deixa ver tudo desde cá de cima, a uma altura que me dá tempo e espaço para decifrar tudo o que me tem passado ao lado enquanto a roda girava. E girava.

E é isso que sou.

Um corpo eléctrico numa roda que agora parou.



[Autoria: Chema] *com som ~ agora sim completo!

Este vídeo consegue mostrar o quão feliz fui durante cinco meses.

A Madeira estava já desenhada. Em papel branco e a carvão.
O registo era forte e definido.

Os dias que me acolheram na ilha das flores foram solarengos, macios e felizes.

Sempre que pude, fui deixando os meus passos marcados nos caminhos que me mostraram postais que dificilmente compramos quando queremos.
Aprendi, deixei mais uns quantos pós e voltei outra vez com o peito cheio e de sorriso no rosto.

Sabe a doce quando vamos conseguindo pendurar os quadros que pintamos.

Aqueles que em nós ficam, trazem um pó brilhante.
Escondido.
Guardado.
E é devagar e sem intenção que limpam os pés, batem à porta e… com simpatia… pedem licença para entrar.

Sentam-se à mesa, aceitam café e… nos descobrem!

Observam-nos… sem que nos sintamos observados… e transmitem, pelo percurso dos membros e pelo caminho dos olhos – o veredicto.
Mas sempre tão devagar…
Porque o tempo nos ajuda. O tempo que dá tempo ao tempo…!
E no mesmo tempo que o tempo lhe der, o pó é soprado aos poucos para que nunca se acabe, para que nunca termine.

Porque aqueles que em nós ficam são o reflexo do brilho que em nós existe.

Ah! Ahí estaba ella! Bajando las escaleras y buscando un punto… una presencia… fue como si el tiempo no hubiera pasado nunca… como si todos los dias se hubieran borrado y todo volviera a ser como hace seis meses atrás.
Fue una prueba, una más… de como es seguro que he ganado una amiga para siempre. Con ella volvi a estar también con todos aquellos que echo tanto de menos.
Fueron dias dulces para mí y llenos de recuerdos felices.

Gracias por haber venido Alessia.

Chema me ha regalado una cosa que me hizo algo que nunca pasó mientras estuve con el y con todos ustedes. Me hizo llorar... llorar como una niña, llorar con fuerza sin que pudiera parar.
Ahora que escribo lloro también... Siento toda mi cara mojada y mi pecho me duele.
Las imagenes que ahora recordé y que se pasan en mi cabeza como una peli me hacen dolor. Un dolor bueno y malo, dulce y amarga, feliz y triste.
Como pueden cinco meses y unas cuantas personas provocaren en mí todo esto?
Que afortunada soy.
No quiero olvidar.
Quiero tenerlos siempre y para siempre.
No sabes como tengo ganas de abrazarte a ti, Chema, por lo que hiciste! Y como lo hiciste...!
En estos cuatro minutos he viajado de nuevo... hacia un lugar donde fui feliz todos los dias. Donde vivi mi sueño. Donde todo fue magico y inolvidable.
Luego veo que soy mucho más rica ahora.
Mucho más llena de cosas buenas adentro de mí.
Y esto así es porque pudo conocerlos y conquistar un espacio ahí... muy cerca de vuestros corazones.

Gracias a tí, Chema.

Promenade. Lido. Funchal.














Há gatos pela Promenade.

Delicio-me de cada vez que me encontro com eles. São meigos e felizes.
Regresso ao hotel. Hoje é noite de jazz e no muro que acompanha a última linha de luz está a gata que cá vive. Vejo nela uma figura de convite que agrada aos hóspedes e que viaja para muitos países nos rolos das inseparáveis máquinas fotográficas dos que atravessam fronteiras.

06.07.2008
Go deeply.

"Seja como for, seja para onde for, partir!"

10.Maio.2008 Portalegre

Tal é o desalento pelo que vejo certas horas.
São os traços, os gestos, a presença
A incoerência e a ausência.
O que não bate tantas vezes certo.

Suspiro duas, três vezes
Passa aos poucos

E já passou.
Até que volte de novo.


Cada um de uma coordenada geográfica…
Veio…
Mostrar-se…

No começo foram definidos os laços. Foram-se dando provas.
Revelámo-nos superficialmente.
Fomos apostando aos poucos.
À medida que o tempo foi passando a coragem dos afectos foi-se tornando imperatriz.
Viajámos no tempo e no espaço…
Visitámos castelos e palácios… lugares cheios de história…
E entendemos… que éramos, também nós, personagens de uma história… de um pedaço de vida…
Fomos deixando inscritos dados irremediavelmente marcantes.
Encarámos imprevistos.
Amadurecemos.
Crescemos.
Concluímos que juntos somos mais. Muito mais.
Observámo-nos vezes sem conta e, sem darmos por isso, fomos notados, acarinhados e afortunados.
Foi o carácter de cada um que delineou estes quatro anos.
Uma temporada que há-de ditar, em grande medida, o que vamos ser.
Cada um deixa fragmentos de memória.
Queremo-nos a todos.

São muitas as vezes em que sufoco tudo quanto quero.
Ao mesmo tempo.
Quando sereno não sei o que pareço.

Gosto de um sol que me bata na cara.
Recarrego por dentro.

Gosto de uma lua que se mostre.
Fico mais desperta.

Gosto do um mar que faça ruído.
Fecho os olhos.

Agora já nem sei.
Sou exigente e está tudo fora do lugar.

Hoje, já nem sei.
Sou rigorosa e está tudo inerte.

E se eu mudar a mobília,
A cor das paredes,
E as flores do canteiro?!

"Ah não ser eu toda a gente e toda a parte! "
Capaz de me mover
Em segundos
Nos momentos em que a dor é maior.
Perder o fôlego
Mas sentir-me completa e não desfeita.
Sigo sentindo-me duas.
E temo.
Temo não chegar ao equilíbrio.

Mas também estou feliz.
Acrescentei-me em pedaços.
Sou eu mais do que fui.
Sinto-me todos os dias.

Peço mais.

Quero voltar a ter "(...)em mim, todos os sonhos do mundo".
***

Es así que me siento. En pedazos.

Estos cinco meses han sido demasiado intensos como para olvidarlos.

Las fiestas que hicimos, las personas que conocimos, las historias que nacieron y las amistades que se crearon se quedarán para siempre en el recuerdo y nunca podremos borrarlos.

La verdad es que todos los estudiantes Erasmus hemos sido protagonistas de una gran historia a lo largo de esos meses inolvidables y como la aventura Erasmus llega a su fin para algunos de nosostros queremos invitarles a nuestra fiesta de despedida el viernes próximo - día 15 - en la Playa de Las Alcaravaneras, sobre las 22h30, para que una noche más quede grabada en nuestros corazones.

Traigan: Botellón, bañador, toalla (así que podemos tirarnos todos al agua) y mucha alegría para animar una noche que será inolvidable.

Les esperamos : )

Ana, Lorenzo y Martín.

Quero ir. Mas quero ficar.

Sinto-me a partir-me.
Em dois corpos. Duas almas.
É o efeito da contagem. Do amanhã.

Dói-me outra vez o peito.

Queria que no meu regaço viesse tudo. Tudo o que ainda hoje me faz sorrir.
Não é difícil que cada imagem marcante me visite. Tem sido assim estes últimos dias, sempre que o meu olhar se cruza com o deles.

Quando não dizemos nada e entendemos tudo.

"Todo aquel que piense
que la vida es desigual,
tiene que saber que no es asi,
que la vida es una hermosura,
hay que vivirla.

Todo aquel que piense
que esta solo y que esta mal,
tiene que saber que no es asi,
que en la vida no hay nadie solo,
siempre hay alguien.

Ay, no ha que llorar,
que la vida es un carnaval,
es mas bello vivir cantando.
Oh, oh, oh,
Ay, no hay que llorar,
que la vida es un carnaval
y las penas se van cantando.

Todo aquel que piense
que la vida siempre es cruel,
tiene que saber que no es asi,
que tan solo hay momentos malos,
y todo pasa.

Todo aquel que piense
que esto nunca va a cambiar,
tiene que saber que no es asi,
que al mal tiempo buena cara,
y todo pasa.

Para aquellos que se quejan tanto.
Para aquellos que solo critican.
Para aquellos que usan las armas.
Para aquellos que nos contaminan.
Para aquellos que hacen la guerra.
Para aquellos que viven pecando.
Para aquellos que nos maltratan.
Para aquellos que nos contagian."

[Célia Cruz]

"Recomeça...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade."

[Miguel Torga]

Aninhei-me.
Estive comigo
E não estive só.

Foram as imagens que hoje me visitaram.
Foram elas.

Posso pedir palavras?
Gestos?
Emoções?
Às vezes.

Quero pisar outra terra.
Quero ser de todos os lugares
Deixar sementes.

Quero ser tua.
Quero ser de toda a gente.

O medo não me dá medo.
Passa depressa.

E agora
Enquanto os meus dedos me revelam,
O ar passa apertado. E o peito pesa.

Mas vai passar depressa.

Obrigada a ti, palavra.
Que me soltas
Que me declaras
Que me confessas.

Foi um ano improvável. Com surpresas e mudanças.
Estou a fervilhar por dentro, em efervescência.

Desta passagem de ano ficam na memória o negro da noite, o som do fogo-de-artifício e o sal na pele.
Depois das doze campanadas os desejos refizeram-se e os sonhos que ainda não se realizaram, persistem.

Corremos, todos juntos, como crianças, para abraçar o mar. Este deu-nos as boas-vindas e com ele entranhado nos nossos corpos, contemplámos as luzes que rebentavam ao nosso redor.

As minhas primeiras horas de 2008 foram passadas com os sentidos bem apurados.
Senti a areia nos pés.
O cheiro da pólvora.
Os abraços e os sorrisos.

Feliz Ano Novo.