Depois de dois dias de calor, foi a vez da neve servir de paisagem às nossas fotos.

O destino foi El Teide - a montanha mais alta de Espanha. Bem lá no cimo a neve que pintava o pico de branco servia a ilha de uma imagem improvável à vista dos dois dias que haviam passado.

O teleférico levou-nos e pudemos ver desde lá de cima um quadro que alcançava, ao mesmo tempo, o mar, o recorte da ilha e as rochas que em tempos fervilhavam quando expelidas de um vulcão que agora dorme.

O fim-de-semana foi denso e concentrado.
Assimilámos coisas novas. Fizémos novos amigos. Estreitámos relações.

Porque afinal tudo pode – sim – ser diferente do que prevemos.

Um natal – o primeiro – longe de casa sabe a insonso e parece inerte. Mas faz-me sentir forte e diferente. A crescer a cada milésimo de segundo.
Não me parece ser assim tão difícil ou assim tão infeliz.

Há coisas que mesmo que tenham um sabor diferente, nos fazem abrir janelas para outras paisagens.
Miradouros improváveis... mas igualmente marcantes e surpreendentes.

Feliz Natal.

A lua aqui mostra-se assim...
Deitada,
Serena,
A sorrir.



O cineasta fala da memória como o mais importante da vida.
Sente-se já "crescidinho" e por isso muito preocupado com o facto de não poder vir a ter tempo de fazer os filmes que desejaria deixar feitos.
O medo dele é o de não os poder fazer noutro mundo. Ou melhor, não sabe, diz ele... nunca lá esteve...!
Aos 99 anos as ideias ainda fervilham na sua cabeça com muita intensidade, a julgar pelas suas palavras.

"Ai, tenho, tenho. Umas quatro. Para já!"

As palavras, as suas, deveriam ser encaradas como um tesouro de Portugal.
Um pedaço de história.
Como um território descoberto - há 99 anos.

Este post vai direitinho para quem deixou de ver no nosso país a riqueza de um lugar encantado.

No passado sábado rumei ao estádio de Las Palmas para assistir a um jogo de futebol.
(A promessa de não parar aos fins-de-semana vai cumprindo-se de semana para semana.)
A equipa defrontou-se com S. D. Eibar – proveniente do País Basco.
Comprei um cachecol, tirei fotos e diverti-me.
Para mim estar numa bancada a assistir a um jogo de futebol em Portugal já é caricato, aqui então…
Os palavrões e os princípios de AVC já são um hábito, chegando mesmo a chocar indivíduos mais susceptíveis.
Bem, mas a verdade é que aqui dei comigo a rir, tal era a ênfase dos adeptos. Não pelo entusiasmo por si só mas sim, e sobretudo, pela ordem de palavras utilizadas que acompanhavam cada frase. Chegava a ser mesmo graciosa a maneira como se inquietavam com cada golo que ficava por marcar ou com o Sr. Árbitro…!
Impossível de chocar alguém.

Outro detalhe delicioso… todos conhecemos muito bem os passarinhos canários, certo? Que cantam que se fartam e assim… pois bem… atendendo a esse facto… os adeptos da equipa cantam algo como: “pio pio Las Palmas”; “pio pio Las Palmas”. Dei comigo a rir, uma vez mais, quando me apercebi e associei…

Quem nos acompanhou, como não poderia deixar de ser, foi o nosso já amigo, Victor. Canário de gema, que nos “adoptou” e nos ajuda sempre que precisamos, orienta-nos e auxilia-nos a apurar o nosso espanhol!...

O desfecho foi que, depois de muitos jogos que têm ficado por ganhar, ao minuto ’85 a equipa atreveu-se e marcou um golo que nos fez festejar como miúdos.
Quem sabe se a força de três novos adeptos não ajudou…!

Pio Pio Las Palmasss!!!

“(…) à procura, procura do vento. Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo (…)"

>>>Encontrei-me com este texto há dias.
>>>Disse-me tanto.
>>>Tornou-se imperativo expô-lo aqui. À vista de todos.

[Texto: José Luís Peixoto, Cemitério de Pianos]

Vou ouvindo música…
Sussurro coisas para dentro de mim.
Deixo-me ficar pensativa.
Pouco depois volto a prestar atenção à mensagem,
A mensagem que a canção me deixa.
Começa outra.

Incrível como a música nos pode dizer tanto.
Há dias em que a ouço, calada.
Outros em que a acompanho. Canto alto
E o meu corpo entra em sintonia com ela.

Nos dias em que não temos coisas a dizer,
A música é uma óptima companhia.
E depois a mescla de géneros. Cada um ao seu estilo.
Eu gosto da música.
Da música que me faça sorrir,
Espernear,
Emocionar,
Reflectir…
Gosto daquelas músicas que me mostrem o que ainda não conheço…
E daquelas que cantem, com palavras graciosas, coisas que já sei.

Gosto dos dias em que me deixo ficar quieta. Sozinha.
Sozinha mas acompanhada de uma mensagem e de um som.
Ou seja, de música.
Gosto dos dias, em que assim, me deixo levar por ela.
Por ela e por aquilo que vai aqui dentro.
Fecho os olhos e não penso. Sinto e escuto.

Consigo ter também aqueles dias de electricidade estática.
Contorno-a com música estridente. Salto, corro, balanceio-me toda.
Mas também gosto.

A música. A música dá-nos tanto.
Levamos tempo a perceber.
Mas quando percebemos é tão bom.
Ela diz-nos o que não conseguimos dizer tantas vezes.
E depois nessas alturas, sorrimos e acenamos com a cabeça,
Como se falássemos com a música e lhe disséssemos:
- Sim! É isso mesmo…!

Cada uma à sua maneira.
Cada uma para cada qual.
A música é assim…

Há músicas que ilustram momentos,
Pessoas,
Lugares…
Há músicas que nos fazem recordar, de imediato
Uma circunstância,
Um gesto,
Um olhar
Ou um sorriso.
E enquanto se escuta essa dita música
Conseguimos transportar-nos para esse lugar,
Voltar a sentir como foi…
Lembramos cheiros,
Sabores,
Sensações.

Quando ouvimos música…
Podemos ficar no mesmo lugar,
Imóveis
Ou podemos viajar.
Viajar para lugares que nos deram muito
Ou então que preferimos não voltar a visitar.
Mas ao menos viajamos!...

; )

Ainda me lembro de quando era pequena e te tinha a ti para tudo.
De como era bom pensar que te tinha.

Aspirava ser como tu, um dia.

Ainda te lembras de quando me lias as legendas dos filmes?
Eu cá lembro-me muitas vezes.

Lembro-me que eras tu que me forravas os livros.
Que me compravas os cromos da Rua Sésamo e me ajudavas a colá-los.

Lembro-me do dia em que me levaste à escola dos grandes e me mostraste aos teus amigos.
De quando compraste o teu carro e me levaste a dar uma volta.

Ainda me lembro das vezes que cuidaste de mim. Ah! E de ter aprendido a andar de bicicleta contigo.

Lembro-me que sempre falaste comigo como se eu fosse crescida também. Que me davas livros nos anos e que uma vez até me deste uns patins no natal.

Sabes... gosto de contar estas coisas aos meus amigos...!

Hoje estamos diferentes.
Mas são estas coisas de que me lembro tão bem que não fazem desacreditar o que tu ainda és para mim. Meu irmão.

Este foi um dos meus destinos de sábado. Prometi a mim mesma que aos sábados tenho de sair da cidade e ir visitar outro ponto. Outro lugar que me marque nesta jornada de cinco meses.

O Jardim Botânico Canário Viera y Clavijo foi fundado em 1952 por um botânico sueco de seu nome Eric Sventenius – grande conhecedor da flora canária.
Neste jardim é-nos dada a conhecer a variedade florística do Arquipélago Canário e, em particular, da Região Macaronésica.

O que tem de especial?

Bom… para além de ser o maior de toda a Espanha, conta com surpreendentes trilhos e espaços que nos fazem sentir agradavelmente bem!
O que chama mais à atenção é, sem dúvida, o enorme número de cactos.
Cactos gigantes, imponentes.
Algumas plantas chegam mesmo a falar com muitos dos visitantes. Experimentei a abeirar-me de uma menos bonita, com aspecto triste e doente. Logo me respondeu através de uma etiqueta que a acompanhava: “ii No estoy muerta !! Solo estoy descansando. Nos vemos en Otoño.”

As palmeiras são presença assídua.
E depois… sorrimos com o que dá cor ao jardim: estrelícias, buganvílias e outras que tais...!

Que tarde mais bem passada!... :D

Gosto de sentir falta daí.
Espelha a riqueza que me espera. O que conquistei.

Mas nem por isso quero estar aí agora. A volta está marcada.

Não tenho pressa.



Estou numa ilha pequena. Sozinha e com toda a gente.
Rodeada de mar.
Aqui estou.

Os demais? Continuam comigo, colados ao peito.
De quem falo? Todos sabem. Cada um conhece o seu espaço em mim.

Vagueiam todos os dias nos meus gestos, nos meus passos...
E é com eles que, também aqui, sou feliz!

Não lhes toco e o meu olhar não se cruza com o olhar deles.
Todavia, tem sido com eles que tenho vindo a deixar os meus traços marcados nestas ruas, nestas praças.

Vejo-me, sem me ver, numa viagem constante entre aqui... e aí!

"O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova..."
[Miguel Torga]

[Passou-se há várias semanas. O atraso do post deve-se ao facto de ter estado à espera de uma foto que pudesse ilustrar bem as palavras que se vão seguir.]

29.09.2007

Fomos à descoberta, já por nossa conta.
Festa tradicional? Sul da ilha? Porque não?
Vamos sim!

Tomámos a Guagua e lá fomos.
Mas afinal que festa é? Tradicional, está bem... Mas o que acontece? Então e Gófio, que é?
Perguntas que não fizemos... Eu pelo menos não as fiz...! Deixei-me ir, entusiasmada por nos termos juntado e nos aventurarmos, querermos mais.
Uma hora de viagem, de folia.
Chegados a Aguïmes agradou-me a aparência, o desenho das casas e os trajes que as pessoas com quem nos cruzávamos envergavam.
Mas havia algo estranho junto aos trajes, aos rostos...

Gófio... = Farinha de Milho.

Descodificado o significado, não tardou para que também nós estivessemos cobertos de uma manta branca/amarelada. Isto sem que nos pudessemos sequer proteger ou, eventualmente, protestar.

A surpresa era - surpreendentemente - BOA.
Sorriso de orelha a orelha toda a noite/madrugada.

Na praça principal dançámos como se não despendesse em nós qualquer esforço físico, tal era a predisposição e alegria.

Fiquei e tornei-me amante da música espanhola com o "cheiro" da salsa, deixei-me levar pelo tom, pelos passos e dancei como se o fizesse desde sempre.
O meu corpo passou a comandar a minha vontade e não o contrário.

Gófio? Sim, claro!

São 7h04 da manhã e acabei de tomar banho no mar.
Palavras? Não as tenho.

Para se encontrar "pedaços" de todo o mundo...
Playa de Las Canteras!

É como se estivesse numa película onde somente, nós Erasmus, somos os protagonistas!
Por todos os minutos que nos envolveram nestes dias, pelos sorrisos, pela mezcla de idiomas e pela troca de impressões.
Todos os dias ganho gana de ter mais e mais. De fazer tudo para não me escapar nada, nenhum momento, nenhuma experiência.

Ainda é cedo para fazer balanços mas a verdade é tenho sorrido todos os dias dando graças à oportunidade que é participar neste filme de emoções constantes.
Sinto falta de vós, meus companheiros de Portalegre. É seguro que gostava de estar convosco para mais um início de ano que se revela como último.
A maioria dos estudantes Erasmus tem como estadia aqui todo o ano. Quando lhes digo que vou ficar somente um semestre, é constante a pergunta: não podes prolongar? Eu respondo com o peito cheio que não, porque quero passar o resto do ano con mis compañeros de mí facultad en Portugal! : )

Aos meus pais agradeço porque estou aqui.

Sinto-me a enriquecer a cada dia que passa.
E é por isso que tenho de registrar aqui a palavra: OBRIGADA
[1ª Foto: Faculdade; 2ª Foto: Bairro de La Vegueta; 3ª Foto: Parque San Telmo]

Ao contrário do que idealizei, a cidade é enorme e bastante agitada.
Bem ao gosto espanhol, não poderia faltar uma Plaza de España, um El Corte Inglès e os espaços que servem tapas e bocadillos.

Julgo ser a única portuguesa que esteja integrada no programa Erasmus deste primeiro semestre. O mesmo não se pode dizer da "comunidade" italiana que por aqui se instalou...! São tantos que ofuscam os alemães, polacos, franceses e finlandeses que também já tive oportunidade de conhecer.

Estou a morar perto do mar, numa das pontas da cidade, num bairro histórico com vizinhos curiosos, que de manhã fazem, literalmente, uso das cordas vocais...!!
A escassos metros alcanço a Playa de Las Canteras, extenso areal da cidade, com um paseo onde dá gosto caminhar.

O idioma está a entranhar-se em mim.

Vou descobrir.
Encontrar.
Deixar os meus passos marcados em calçadas diferentes das daqui.

As palavras ficam-me presas na garganta por não saber bem explicar como estou agora.
A verdade é que estou feliz.
Quero vir feliz.

Vou fazer desta a primeira de muitas.
Deixando-me levar. Aqui vou.

“É o vento que me leva.
O vento lusitano.
É este sopro humano
Universal
Que enfuna a inquietação de Portugal.
Que tudo alcança
Sem alcançar.
Que vai de céu em céu,
De mar em mar,
Até nunca chegar.
É esta tentação de me encontrar
Mais rico de amargura
Nas pausas da ventura
De me procurar...”

[Miguel Torga]

A estória que vos conto é a de uma menina borboleta.
Ela é cheia de cor, tem cachos no cabelo e um coração grande, grande.
Conheci-a assim mesmo.

O voo dela é, como dizer, ziguezagueante mas seguro.
Comecei a trazê-la comigo desde que fui para aquele lugar. Aquele, vocês sabem. Aquele lugar de que já vos falei. Aquele lugar onde tudo aconteceu. : )

Eu cá gosto dela…!

A borboleta de que falo está agora acompanhada. Traz consigo a sobrinha de todos aqueles que se conheceram naquele lugar. O lugar onde traçámos caminho. Um caminho delineado por nós, todos juntos. Vocês sabem…!

Bom, na verdade a companhia da borboleta é uma outra borboleta, decerto igualmente bela, mas ainda envolta no seu casulo, bem quentinha.
Esta estória é bonita, garanto-vos. É quase uma fábula.
Encantada, juro!

Estamos todos atentos ao casulo, entusiasmados, ansiosos por poder assistir ao primeiro voo da nossa nova borboleta.

Haverá estória mais bela que aquela que tenha duas borboletas?
A mim também me parece que não.

[Para a Tânia e a Ju – As mais esvoaçantes que conheço]

Às vezes sou levada a muitos lugares, uns melhores que outros. Mas todos eles, todos sem excepção, me fazem crer que vou ter de criar asas, asas que me levem a espaços de tirar a respiração, de tão ofegante surpresa se hão-de revelar.

E enquanto me deixo levar, sou feliz…! E só por isso já vale a pena ser paciente e esperar – sem pressa – que a minha janela para o mundo se abra no momento certo, com quem quiser estar a meu lado.

Confesso-me impaciente para determinadas coisas. Mas no que respeita a outras, não me importo que não passem de momentos de sonho por mais que se prolonguem sem que se realizem. Porque, estou certa, que se pesar muito a vontade e a determinação, quando a minha janela se abrir hão-de chover sorrisos, experiências e imagens que me vão recompensar devidamente, no tempo certo.

Quando os raios de sol me baterem no rosto, eu vou saber que está na hora…! ; )

[Imagem: Person at the window, Salvador Dalí]


Uma foto suficientemente representativa daquele que foi o auge do meu estágio e da minha estadia no Norte do país durante o mês que passou... : )

«Doiro, rio e região, é talvez a realidade mais séria de Portugal...»

[Miguel Torga]


Marquei encontro com ela na minha última folga.

Estranhei a aparência mas depressa me encantei e surpreendi a cada canto, a cada pormenor...!

A sua originalidade dificilmente passa despercebida àquele que ruma à Rotunda da Boavista e se depara com a traça de um edifício no mínimo arrojado...!

Esta casa está aberta.

Entramos sem pedir licença, abrimos portas, sorrimos felizes. Fechamos portas e sentimo-nos num espaço à parte.

Não obstante de esta ser a Casa da Música, a verdade é que enquanto percorremos os espaços forrados a betão a par com salas altamente surpreendentes sentimos uma vontade inexplicável de querer ouvir música. Música que preencha e complete ainda mais a estupefacção que é estar ali.

Visitei-a vazia, sem som que a interpretasse, mas nem por isso saí de lá menos conquistada...!

E é aqui, em lugares como este, que nos devemos revitalizar e acabar por constatar do tanto e tão bom que Portugal afinal tem para nos oferecer.

Esta é a minha vontade de ser cada vez mais portuguesa.

Tudo o que já fiz durante estas semanas que passaram, todos os rostos com que já me cruzei, todas as palavras que partilhei, todas as ruas que pisei, me têm enriquecido. Me têm, sobretudo, provado que arriscar, na maioria das vezes, é o melhor a fazer.
Foi uma vontade minha que alimentei durante o decorrer deste ano, que consegui realizar – e ainda bem.
Quero experimentar mais, conhecer mais…! Mas… acima de tudo – surpreender-me cada vez mais!

Esta semana, para além de tornar alguns laços mais vincados com algumas pessoas, contactei com três turistas italianos. Gente simpática, amável e, sobretudo, delicada na forma como se relaciona connosco. Fiquei agradavelmente surpreendida. Rondavam os trinta e poucos anos e eram oriundos de Milão – Milano como nos diziam como que cantando…!
Foram várias as perguntas que nos colocaram. Umas de natureza turística (claro está...); outras relacionadas com hábitos nossos e com a nossa cultura. Pareceram-me bastante interessados e agradavelmente encantados pelo nosso país. Entre “Portuñol” e Inglês lá fomos comunicando e alongando uma conversa que mais tarde, já sozinha, me fez constatar de como é bom contactar com pessoas de outros ambientes, de outros espaços e de, com elas, partilhar informações tão enriquecedoras…!

A vontade de viajar fervilha cada vez mais dentro de mim. Viajar muito, absorver quase tudo o que de interessante há para além de todas as fronteiras, culturas ou línguas!

Quanto ao estágio, especificamente, há um aspecto grandioso anexado a ele. O facto de poder conviver, paralelamente, com duas realidades distintas: um lado mais formal, que é integrar o ambiente do escritório, onde não me posso alongar muito e, por isso, mantenho uma postura mais reservada; e, o lado mais informal, que é fazer parte das equipas a bordo. Estas muito mais soltas, simples e, na grande maioria das vezes, mais genuínas.
O que quero com isto dizer é que nada melhor que vivenciar com duas realidades diferentes, ainda por cima, em simultâneo. Ajuda-me a aprender a lidar da melhor maneira com pessoas diferentes, todas elas com o devido valor.

ESTOU NA CIDADE MAIS BONITA DE PORTUGAL

Quero ainda mais…! : )

Depois de aos 23 anos se ter tornado um fenómeno à escala mundial, Jamie Cullum, o menino-prodígio dos ingleses, continuou a trilhar uma carreira de sucesso. O primeiro álbum, editado em 2002, “Pointless Nothing”, captou a atenção da indústria musical, e valeu-lhe um contrato com a mítica editora de Jazz, “Verve”.

O sucesso não parou a carreira ascendente de Cullum, depois de uma digressão bem sucedida surge, em 2005, “Catching Tales”, o maior sucesso do músico até à data.

O álbum vendeu mais de dois milhões de cópias pelo mundo inteiro e valeu-lhe uma nomeação para os Grammy’s.

Em “Catching Tales”, a arte de Cullum para compor canções volta, já não como surpresa, mas sim como confirmação. O menino britânico cresceu, e com ele cresceu o dom para nos encantar, através de melodias simples onde a harmonia do jazz marca forte presença.

[Fonte: http://www.coliseulisboa.com/]

:::Recomendo vivamente!! Minhas favoritas: My yard, All at sea, Catch the sun, Mind Trick:::

Depois de tanto admirar e de sentir ao máximo todos os pormenores adjacentes daquele lugar que me faz sentir tão bem, entendo o porquê de tantos artistas terem o Porto como fonte de inspiração.

Ali respira-se o ar conduzido pelo Douro, ar repleto de significados, de história. Senti que ali nada podia alterar o que entendo de mim.

É na autenticidade daquele lugar que nos podemos sentir portugueses e orgulhosos de sermos quem somos, de não questionarmos jamais a importância de vivermos aqui – em Portugal.

Pressinto que ali tudo podia ser mais fácil, mais doce. Engano-me de seguida pela ambição, pela utopia.

Preciso de voltar, de sentir tudo outra vez, quero voltar e ver tudo aquilo num contexto diferente. Se os sentidos se comportarem da mesma forma, certificar-me-ei de que este é o sítio perfeito para me encontrar sempre que me sentir perdida.

Enquadramento perfeito.

Quero mais.

Caí ali de pára-quedas, anestesiada. Mas nem por isso menos predisposta e determinada.
Pensei somente no objectivo que todos, como eu, queriam alcançar.

Fui com raízes, é certo, mas acabei por semear ali uma cultura suficientemente duradoura e resistente.

Curioso…

Fui-me moldando, fui sorrindo, chorando, mas, acima de tudo, crescendo. Fui, sobretudo, com a vontade de criar laços irremediavelmente sólidos.

Aconteceu.

Criei convosco memórias, traços, registos. Dei o melhor de mim.
Gosto de acreditar que deixei um pedaço de mim em cada um de vós.

Mudei. E foi ali que o fiz.

Empenhei-me em tudo o que toquei.
Sonhei. Em tamanho pequeno. Mas sonhei! : )
E aquilo que o acto de sonhar nos proporciona é, irreparavelmente, melhor e mais forte que mil desilusões.

Consegui tudo isto ali.
Comigo.
Convosco.

Deixo-me agora levar por um turbilhão de pensamentos.
Concentro então, estas palavras em momentos, segundos, pedaços de memória.
Acabo de os transformar numa vontade.

A vontade de voltar.


[Foto de Ricardo Lourenço]


Este há-de ser um espaço à minha medida.
Há muito que não faço uso da escrita senão para obrigatoriedades académicas. Pois bem. Este é o momento de recomeçar e de, acima de tudo, poder partilhar...!
Neste lugar terei oportunidade de revelar momentos, experiências, preferências, pormenores...

Porquê Memória de Elefante?!
Gosto particularmente da expressão...
A memória é a capacidade de reter, recuperar, armazenar.
Os especialistas defendem que é através dela que damos significado ao quotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a vida.
Assim sendo, porque não fazer uso da "memória" à escala do maior animal terrestre da actualidade? : )