De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama


De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente


Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente


Vinicius de Moraes

1 Comment:

  1. Unknown said...
    Deixo-te aqui com um poema de Miguel Torga

    "Recomeça....
    Se puderes
    Sem angústia
    E sem pressa.
    E os passos que deres,
    Nesse caminho duro
    Do futuro
    Dá-os em liberdade.
    Enquanto não alcances
    Não descanses.
    De nenhum fruto queiras só metade.
    E, nunca saciado,
    Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
    Sempre a sonhar e vendo
    O logro da aventura.
    És homem, não te esqueças!
    Só é tua a loucura Onde, com lucidez, te reconheças..."


    Tu mereces tudo, e mais além. E por inteiro!!!

    Beijinhos, Sofia.

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